Trio de fundadores da QI Tech: Marcelo Bentivoglio (CFO), Pedro Mac Dowell (CEO) e Marcelo Buosi (COO) Foto: Divulgação

A QI Tech, fintech de infraestrutura financeira, anunciou, em julho de 2025, a captação de US$63 milhões (cerca de R$350 milhões) em uma extensão da sua rodada Série B, liderada pela gestora global General Atlantic e com participação da Across Capital. Embora o anúncio tenha sido feito há algumas semanas, o movimento segue repercutindo no mercado por consolidar a posição da empresa como uma das principais plataformas de infraestrutura financeira do Brasil.

O novo aporte dá sequência a uma trajetória de crescimento acelerado. Em 2023, a QI Tech já havia levantado mais de US$200 milhões e adquirido a Singulare CTVM, consolidando-se como a maior administradora e custodiante de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) do país. No ano seguinte, alcançou o status de unicórnio, com valuation superior a US$1 bilhão — hoje estimado em torno de US$1,5 bilhão.

Uma história de empreendedores

Fundada em 2018 por um trio de empreendedores, a QI Tech tem entre seus sócios dois alumni do Insper: Pedro Mac Dowell (MBA Executivo em Finanças, 2008) e Marcelo Bentivoglio (Economia, 2012). Ao lado do terceiro cofundador, eles transformaram a fintech em referência no mercado, com soluções de crédito, serviços bancários, custódia e APIs financeiras que permitem a empresas de diversos setores disponibilizar produtos financeiros de forma ágil, segura e regulada.

Crescimento acelerado

No último ano, a QI Tech faturou R$700 milhões e prevê manter uma taxa de crescimento de aproximadamente 70% em 2025. O investimento recém-anunciado será direcionado ao desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, à ampliação da capacidade operacional e à expansão em setores estratégicos.

Segundo os sócios, o diferencial da QI Tech está na proposta de oferecer uma infraestrutura completa de serviços financeiros por meio de APIs. Com isso, empresas de diferentes setores conseguem disponibilizar produtos bancários, de crédito, pagamentos e até investimentos sem a necessidade de montar toda a estrutura regulatória e tecnológica por conta própria.

Do Insper para o mercado global

Formado em Economia em 2012, Marcelo Bentivoglio hoje é CFO da companhia e continua engajado como doador e mentor do Programa de Bolsas do Insper. Já Pedro Mac Dowell, CEO da QI Tech, é alumnus do MBA Executivo em Finanças (2008).

Em entrevista ao Insper, Bentivoglio destacou que o objetivo da empresa sempre foi construir algo que gerasse valor para a sociedade, e não apenas alcançar o status de unicórnio. A QI Tech, por exemplo, foi pioneira ao lançar a antecipação do saque-aniversário do FGTS em modelo digital, além de permitir operações de crédito 24 horas por dia, sete dias por semana, algo que antes não era possível em bancos tradicionais.

Olhando para frente

No curto prazo, a fintech busca consolidar a integração com a Singulare e expandir sua gama de serviços para se aproximar da infraestrutura de grandes bancos, abrangendo áreas como câmbio, seguros e investimentos. No médio e longo prazo, há também planos de internacionalização, embora os sócios ressaltem que a adaptação às regulamentações locais é um desafio fundamental antes de avançar para outros países.

O novo aporte representa não apenas mais um marco na história da QI Tech, mas também um sinal de confiança de investidores globais na força do ecossistema brasileiro de inovação financeira. Com valuation já estimado em US$1,5 bilhão, a empresa desponta como uma das mais promissoras da América Latina — e como um exemplo de como a formação acadêmica, somada à visão empreendedora, pode transformar ideias em negócios de impacto.

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